“Se você deixar os cuidados paliativos apenas para o fim de vida, com certeza o paciente sofreu muito durante o desenvolvimento da doença”, conta Dias. Essa é a avaliação do médico e coordenador do curso de pós-graduação em cuidados paliativos do Instituto Israelita de Educação e Pesquisa Albert Einstein, Eduardo Dias. Em palestra na sala temática de Gestão de Assistência e Segurança do Paciente durante o 13º Seminário Femipa, o especialista enfatizou a percepção errônea de que os cuidados paliativos são exclusivamente para o fim de vida.
A International Association for Hospice & Palliative Care (IAHPC), a Associação Internacional de Hospício e Cuidados Paliativos, em tradução livre, diz que “cuidados paliativos são o cuidado holístico ativo de indivíduos de todas as idades com graves sofrimentos relacionados à saúde devido a doenças graves (com risco de vida), especialmente aqueles próximos ao final de vida. Tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos pacientes, suas famílias e seus cuidadores”.
Dias apontou que erros médicos são grandes causadores do sofrimento no fim da vida e podem até mesmo alterar o momento de morte. Erros de diagnósticos e prognósticos, assim como o tratamento com opioides e outros medicamentos de maneira inadequada, podem ser evitados quando se presta atenção nos cuidados paliativos. Isso evita que o paciente morra cedo demais ou até tarde demais nos casos em que existe uma Ordem de Não Reanimação para reduzir o sofrimento.
De acordo com Dias, tratamentos não devem ser ignorados apenas porque o paciente está em cuidados paliativos. Ele mencionou como exemplo uma paciente paliativa que passou por uma cirurgia para reduzir seu desconforto e dor com a vesícula, mesmo que o problema não fosse causar a morte dela e ela já estivesse próxima da morte. O tratamento garantiu que nos seus dias seguintes, seu sofrimento fosse menor.
Os familiares também devem ser levados em consideração quando se fala de cuidados paliativos. Depois da morte de um paciente, as pessoas próximas têm que lidar com a perda. Reduzir este sofrimento é possível através da maneira como o tratamento é levado durante todo o curso da doença. “Se você vivencia a morte de uma pessoa de maneira sofrida pode causar sofrimento para os familiares”, conta Dias. O médico menciona que isso pode causar problemas para a saúde dessas pessoas no futuro, concluindo assim que cuidados com o bem-estar do paciente, de seus familiares e da equipe que trabalha com a saúde são essenciais durante todo o curso da doença.
Fonte: Breno Soares - Comunicação Femipa