O 3º prêmio Femipa de Melhores Práticas e Criatividade – Categoria Gestão de Assistência e Segurança do Paciente, trouxe quatro apresentações. Os vencedores de cada categoria apresentarão seus cases no Congresso Nacional das Misericórdias, em Brasília, no mês de agosto.
Extubação acidental
A primeira apresentação foi feita pela fisioterapeuta e coordenadora do serviço de fisioterapia do Mater Dei, Franciele Machado Miranda Furquim. O projeto foi desenvolvido na Maternidade Mater Dei, e é intitulada “Prevenção de Extubação Acidental – Uma prática multidisciplinar”. O projeto teve como objetivo reduzir a ocorrência de extubações acidentais em recém-nascidos.
Furquim aponta que o entubamento é um método de tratamento invasivo para garantir a vida dos pacientes, e que em muitos casos, a extubação acidental pode acontecer. É quando a extubação acontece de maneira inesperada e não planejada. Existem complicações muito severas, como hipoxemia, aumento da pressão intracraniana e redução do retorno venoso, entre outros.
O projeto contou com a participação de 52 profissionais em uma equipe multidisciplinar que criou um indicador de extubação acidental, o que ajudou a descrever os motivos dos incidentes. Vinte dos profissionais passaram por um processo de capacitação por Educação Continuada, criando uma tabela de ações preventivas de extubação acidental. Como resultado, o estudo encontrou 4 extubações acidentais em um ano, totalizando 0,9% de extubações acidentais.
Indicadores de extubação acidental de diversos centros mundiais variam de 1,98% a 3% de extubações, indicando que os números da Instituição Mater Dei são consideravelmente menores.
Alta hospitalar
O segundo case, “Alta Hospitalar Segura”, foi apresentado pelo enfermeiro Rogério Ferreira de Lara, do hospital São Vicente.
Lara aponta que se as orientações após a alta hospitalar forem feitas de maneira equivocada, sem clareza e sem planejamento, podem trazer problemas para o paciente. O objetivo do estudo é proporcionar uma alta hospitalar segura aos pacientes do Hospital São Vicente, garantindo a reabilitação da saúde eles.
O projeto utilizou o conceito Ciência da Melhoria da Prática, que busca “promover o conhecimento e habilidade para que profissionais possam idealizar, desenvolver e implementar projetos que procuram melhorar o desempenho da organização em saúde”. A equipe acompanhou os pacientes desde a entrada no hospital até 48 horas após a saída, buscando avaliar as necessidades individuais do paciente, e garantindo que as orientações dadas ao paciente no dia da alta são adequadas, de acordo com um check list de alta hospitalar segura, além de uma pesquisa de satisfação.
Concluiu-se que a equipe multidisciplinar teve um aumento mediano de quase 70% no número de pacientes recebendo orientações pós-alta. Também se concluiu que os pacientes se sentiram satisfeitos com o processo, com algum destaque ao acompanhamento pós-alta.
Higiene das mãos
O terceiro concorrente ao prêmio foi o projeto “Higiene de mãos – Família participativa em campanha institucional”, apresentado por Andrea Cavali da Costa Meira, enfermeira do Hospital Nossa Senhora das Graças. O objetivo do projeto é avaliar o impacto de uma campanha para informar os pacientes da importância de lavar as mãos para reduzir os níveis de infecção.
Andrea indica que a higiene das mãos é uma das medidas mais simples para redução de infecções em ambientes hospitalar, mas que mesmo assim, estudos indicam que a adesão dos profissionais fica entre 35% e 50%. A higienização foi dividida em cinco momentos de higienização, sendo eles antes de tocar o paciente.
Constatou-se que o momento com menor adesão à higienização é no momento antes de tocar o paciente. Para mudar isso, elaborou-se um folder educativo que foi distribuído para os pacientes, além de visitas presenciais da equipe de enfermagem e psicologia, que conversaram com os pacientes que desejassem participar do projeto. Cartazes e vídeos foram criados com alguns pacientes.
Como resultado, 14 dos 41 pacientes participaram da campanha. A adesão da higiene de mãos nos meses antes da campanha apontava de 92,86% a 95,45% no setor A do hospital e 88,89% a 92,86% no setor B. Nos dois meses seguintes à campanha, constatou-se 100% de adesão à higienização das mãos em ambos os setores.
Descolonização
O quarto concorrente foi o projeto “Redução de infecção hospitalar após descolonização da unidade de terapia intensiva coronariana (UCO) e implantação de uma rotina de validação de limpeza terminal”, apresentado pela enfermeira Regiane da Silva, do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, que trouxe a questão de limpeza do ambiente de uma UTI como um grande desafio tanto para a equipe de enfermagem quanto para a de higienização, já que os procedimentos costumam ser diferentes para ambas as equipes.
O objetivo era buscar a redução da quantidade de resíduos biológicos nas Unidades de Terapia Intensiva através da chamada descolonização, feita por uma rotina de higienização. A higiene das mãos e protocolos de prevenção foram explorados e para conseguir com que a descolonização fosse feita de maneira adequada, realizou-se diversas reuniões com uma equipe multidisciplinar, incluindo a diretoria do hospital e as equipes de enfermagem e de higienização.
A validação da limpeza foi feita por meio de teste de ATP com bioluminescência, capaz de identificar a Unidade Relativa de Luz, ou URL, que é emitida por células biológicas. Os pacientes foram transferidos para uma área preparada e, em seguida, a UTI passou pela descolonização. Depois de realizada a limpeza, a bioluminescência foi usada para avaliar a URL, que deveria ser abaixo de 45, ou o procedimento de limpeza – com duração de aproximadamente 55 minutos – seria repetido, o que não foi necessário. A limpeza passou a ser realizada com frequência.
A análise dos anos 2017-2018 e 2018-2019 mostrou que houve aumento no número de internação, mas o número de pacientes colonizados caiu de 46 para 17. A taxa de infecções, por sua vez, teve uma queda de 18,23% para 5,93%, mostrando sucesso na limpeza, que é mantida até hoje.
Fonte: Breno Soares - Comunicação Femipa