Quatro projetos concorrem ao 3º Prêmio Femipa de Melhores Práticas e Criatividade na categoria Gestão Hospitalar. Os cases foram apresentados no dia 12 de março durante o 13º Seminário Femipa e contaram com a avaliação de uma banca técnica, além de receber o voto dos participantes.
Conheça abaixo um pouco mais sobre cada um dos projetos:
Quero Colo
O projeto “Quero colo” foi apresentado pela maternidade Mater Dei, que compõe o grupo Grupo HNSG. A ação foi iniciada há quatro anos na maternidade, que atua exclusivamente com público proveniente do Sistema Único de Saúde (SUS), realizando cerca de 350 partos por mês de pacientes de Curitiba e Região Metropolitana.
O projeto visa a assegurar direitos de adolescentes, acolhendo gestantes desta faixa etária em uma ala específica, contando com equipe multidisciplinar com olhar especialmente voltado para a gravidez nesse contexto. Além do cuidado na gestação, parto e alta, no projeto a equipe passa a acompanhar também o período pós-hospitalar, sobretudo nos casos de maior vulnerabilidade social.
Esses casos são identificados por meio de uma avaliação realizada pela equipe da maternidade, que após a alta realiza visitas domiciliares semanais às adolescentes e suas famílias. Nas oportunidades, a equipe composta por assistente social, enfermeira e motorista passam a oferecer informações às adolescentes acerca de seus direitos.
Além disso, as profissionais atuam para sensibilizar as meninas quanto à importância do retorno ao ambiente escolar, orientar acerca da rede socioassistencial e do planejamento familiar e atuar para a prevenção da depressão pós-parto. Em caso de qualquer intercorrência ou quando é necessário, os conselhos ou outros órgãos de assistência podem ser notificados pela equipe, no intuito de proteger e garantir direitos dessas adolescentes.
Gestão matricial da Despesa (GMD)
O case “Gestão matricial da Despesa (GMD) como ferramenta de otimização de recursos e aumento de produtividade em um hospital foi apresentado pela Sociedade Hospitalar Angelina Caron, de Campina Grande do Sul. O hospital é filantrópico e realiza mais de 400 mil atendimentos por ano, sendo que sua maior fonte de financiamento é o Sistema Único de Saúde.
O GMD é uma ferramenta de gestão para a elaboração e o controle do orçamento de custos, que tem como objetivo rever processos e torná-los ainda mais sustentáveis, combatendo o desperdício. O projeto, instalado em maio do ano passado, conta com o estudo do centro de custo de cada área e com a definição de uma meta específica de redução de despesa para cada setor, que considera a particularidade de cada um e os fatores externos que podem impactar na variação dos custos.
A partir do estudo, são criados planos de ação, validadas as metas e seus objetivos são disseminados para a equipe. Os resultados são acompanhados periodicamente e nos casos nos quais as metas não foram alcançadas, há uma análise aprofundada para entender os motivos que levaram a esse resultado negativo.
O projeto é caracterizado por reuniões periódicas da equipe e dos gestores, treinamentos e trabalho conjunto entre setores na busca por soluções criativas e simples, como o uso mais inteligente da energia elétrica e mudanças nas rotinas de rouparia e lavanderia, por exemplo. A meta inicial do projeto era de uma economia de mais de R$ 200 mil, resultado que foi alcançado com cinco meses de atuação.
Fazem parte do projeto também uma campanha de comunicação interna com mote “salve mais vidas”, incentivando a adesão dos trabalhadores à proposta.
Customer Experience
Outra história de sucesso foi apresentada pelo Hospital São Vicente – FUNEF, de Curitiba, que concorre com o projeto “Como garantir que o customer experience seja um sucesso na jornada do paciente”. A instituição contou como buscou melhorar a experiência de dois clientes importantes da instituição – o cliente paciente e o cliente médico ou profissional de saúde.
Customer Experience, ou experiência do cliente, é a percepção racional, física e emocional de um cliente em todos os setores da instituição. Compreende o conjunto de interações que ocorrem entre o hospital e seu paciente e familiares, que constroem memórias e emoções.
O projeto compreende metodologia que mapeia todos passos de relacionamento com o cliente, apoiado pelo marketing de experiência que é voltado para a imersão do paciente, explorando seus sentidos para estar marcado positivamente na memória do cliente.
Nesse contexto, é importante compreender que a gestão da experiência do cliente começa no meio fio em frente ao hospital até o momento no qual ele deixa a instituição, compreendendo como cada atividade e experiência gera emoções, quais são elas e como elas podem ser mais agradáveis.
Os principais benefícios da implantação da proposta são a criação de memórias afetiva, melhorando a reputação perante a sociedade e tendo nos clientes defensores da marca. Outras consequências são a ampliação da qualidade percebida nos serviços, fidelização dos clientes, aumento de receitas e redução de custos.
O projeto contempla ainda o trabalho para a mudança de mentalidade nas equipes, treinamento constante e a produção de atendimento personalizado para acolher a diversidade de pacientes, com o desenvolvimento, por exemplo, de protocolos de inclusão LGBTIA+, para idosos, pessoas obesas, pessoas surdas etc.
A ação tem como atividade essencial também o contato com o cliente pós-atendimento para compreender como foi a experiência e mensurar, por meio de indicadores, essas emoções e memórias criadas em diversas áreas, possibilitando o aprimoramento contínuo dessa experiência.
Dashboard de gestão assistencial de enfermagem
“A implantação de dashboard de gestão assistencial de enfermagem” foi o case apresentado pelo Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba. A instituição conta com 254 leitos, sendo 50 deles de UTI e realizou mais de 18 mil internações em 2019.
O case traz um exemplo de como uma mudança no uso de tecnologia possibilitou a redução do tempo gasta pelos enfermeiros para avaliação dos leitos. Antes do projeto, um enfermeiro gastava cerca de uma hora para avaliar 20 leitos, o que hoje é possível em dois minutos.
O projeto começou com um estudo que mapeou 145 oportunidades de melhoria nas atividades de enfermagem. Nesse escopo, o trabalho conjunto com o setor de Tecnologia da Informação criou o dashboard, uma tela que apresenta dados essenciais de cada leito e permite o acompanhamento das atividades que estão sendo desenvolvidas pela equipe de enfermagem.
Antes, para obter dados de cada paciente, era preciso acessar individualmente o prontuário eletrônico, acessando cada link e acompanhando cada protocolo interno para obter os resultados. Com o dashboard, as informações e mensurações adequadas às características essenciais de cada unidade estão disponíveis em tempo real e em única tela.
O dashboard é composto por um quadro que apresenta os leitos, nome dos pacientes, data de aniversário, data e horário de ingresso, escala de complexidade. Há ainda sinalização por cores de acordo com os protocolos assistenciais e o tempo disponível para o acompanhamento, sinalizando em laranja quando está próximo ao final do prazo para reavaliação e vermelho quando ela precisa ser imediata.
Além disto, estão disponíveis os dados de sinais vitais mais recentes, protocolos de sepse, início e fim da prescrição em enfermagem, estão disponíveis, além de possibilitar priorizar os leitos na visita com base nas necessidades dos pacientes, além de outras informações essenciais ao trabalho. A proposta permitiu aos gestores acompanhar e identificar situações de risco com maior celeridade, além de facilitar o dimensionamento das equipes.
Fonte: Karla Mendes - Comunicação Femipa