As cardiopatias congênitas são uma das principais causas de morte em recém-nascidos de até 30 dias. Elas são um conjunto de doenças caracterizadas pela malformação na estrutura ou na função do coração. No Brasil, por ano, nascem 29 mil cardiopatas, ou seja, são dez casos a cada mil nascidos vivos. Miguel Gabriel da Silva Valoroski, de 1 ano, que recebeu um novo coração em março deste ano, é um desses casos.
Aos 5 meses, ele chegou ao Hospital Pequeno Príncipe com febre, respiração acelerada e saturação baixa. Durante a investigação, a equipe médica realizou um ecocardiograma – principal recurso diagnóstico das cardiopatias – no qual foi constatado que ele tinha uma anomalia na estrutura do coração e que precisaria de um transplante.
“Do parto até os 5 meses, o Miguel teve uma vida normal. O primeiro sintoma foi a respiração, que começou a ficar mais acelerada. Levamos ele ao médico algumas vezes, mas falavam que era resfriado. Quando meu filho teve uma febre muito alta, o levamos para o Pequeno Príncipe. De um resfriado, a gente descobriu uma cardiopatia e ele precisou de um transplante ”, relata Beatriz Valoroski das Almas, mãe de Miguel.
Para ajudar a salvar vidas, o Hospital Pequeno Príncipe enfatiza que o diagnóstico precoce das doenças é fundamental. A malformação pode ser descoberta ainda na gravidez, com o ecocardiograma fetal, ou no início da vida, por meio do teste de coraçãozinho, sendo realizado entre 24 e 48 horas após o nascimento.
De acordo com a cardiologista pediátrica do maior hospital exclusivamente pediátrico do país, Cristiane Binotto, uma dúvida comum é sobre o que é esse conjunto de doenças. “Pode ser desde um defeito pequeno na estrutura do coração (CIA e CIV), que não tem repercussão, até o estreitamento de uma das válvulas do coração, principalmente a pulmonar e aórtica”, explica.
É importante também ficar atento a sinais que podem indicar uma cardiopatia e ao notar algum deles consultar o pediatra que acompanha a criança. Os bebês podem apresentar pontas dos dedos e/ou língua roxa, cansaço excessivos durante as mamadas, dificuldade em ganhar peso, irritação frequente e choro sem consolo. Já nas crianças, é observado cansaço excessivo durante a prática de atividades físicas, crescimento e ganho de peso de forma não adequada, lábios roxos, pele mais pálida quando brinca muito, coração com ritmo acelerado e desmaio.
“Nos casos de cardiopatias graves, o tratamento adequado nos primeiros dias de vida é fundamental. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, evitamos que a criança faça uma lesão preocupante incompatível com cirurgia ou outro problema associado, como os neurológicos. Por isso, o diagnóstico ainda na gravidez é tão importante, para que o bebê tenha a assistência necessária assim que nascer”, enfatiza a cardiologista.
O tratamento da cardiopatia congênita pode ser feito com uso de medicamentos e, se necessário, cateterismo e indicação de cirurgia – em torno de 80% crianças com o diagnóstico vão precisar de alguma cirurgia cardíaca durante a vida. A boa notícia é que, com acompanhamento de um cardiologista, adesão ao tratamento e orientações médicas, o cardiopata pode ter uma vida normal. “Um dia depois da cirurgia, o Miguel já estava respirando sozinho. Ele ficou menos tempo internado depois do procedimento do que quando descobrimos a doença. Foi um milagre”, finaliza a mãe.
Serviço de Cardiologia do Pequeno Príncipe
O Serviço de Cardiologia do Hospital Pequeno Príncipe é referência nacional no atendimento de pacientes com cardiopatias congênitas e recebe, todos os anos, crianças com essas enfermidades, sendo que muitos deles são submetidos a procedimentos cirúrgicos. Somente em 2021, foram dois transplantes cardíacos e 43 de válvula cardíaca, 463 cirurgias e 5.394 atendimentos ambulatoriais. O serviço também é referência no país em cirurgia cardíaca pediátrica de bebês com até 30 dias de vida – sendo a instituição que mais realiza esse procedimento no Brasil.
Fonte: Hospital Pequeno Príncipe