O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma das maiores propostas de organização de saúde pública do mundo, mas enfrenta constantes desafios financeiros devido à demanda crescente e o movimento intenso de envelhecimento da população; às limitações e as dificuldades de priorização orçamentária da saúde; à inflação e os custos dos insumos e da mão de obra especializada e, ainda, da necessidade de evolução na eficiência e na garantia da qualidade dos serviços prestados. Durante a 29ª Hospitalar, a CMB – Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas, em parceria com o IAG Saúde, lançou o projeto “Focus DRG Brasil”. O objetivo da iniciativa é aumentar a rentabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS), agregando valor e otimizando a gestão de hospitais filantrópicos, de modo a transformar desperdícios assistenciais em melhorias e resultados financeiros positivos.

Com esse propósito, a CMB (Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas) vai ao mercado em busca de parceiros e instituições que se inspiram na missão da filantropia, para somar no ideal de contribuir na transformação e evolução dessas instituições. O resultado é a Cooperação Técnica com o IAG Saúde, apresentada e formalizada no dia 22, durante a Hospitalar 2024.

As principais temáticas do projeto envolvem sustentabilidade econômica hospitalar pelo controle de desperdício; gestão da permanência hospitalar para melhorar a eficiência dos processos; gestão de custos para aumentar a rentabilidade do hospital e a implantação da Plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil + IA para obter resultados financeiros positivos nos hospitais.

Focus DRG Brasil: fases de implementação 

Com a adesão de 566 hospitais em todo o país, o Focus DRG Brasil tem a capacitação teórica como o pontapé inicial do projeto. Disponibilizada por meio de ensino à distância, a primeira etapa abrange a análise e o cálculo dos resultados econômicos e controle de desperdício das internações de 2023 via dataSUS.

Na sequência, ocorre a aplicação prática nos hospitais participantes. A mudança de processos e do modelo de remuneração médica tem duração de 180 dias, com 70% do controle de desperdício alcançado no primeiro ano e o máximo, de 3 a 5 anos.

Cases de sucesso do Focus DRG Brasil

Com a presença de diretores técnicos, diretores administrativo-financeiros e dirigentes de hospitais associados à CMB, que representa mais de 1.800 instituições filantrópicas no país, o lançamento, na Hospitalar 2024, teve a apresentação de casos de sucesso de duas Santas Casas: Belo Horizonte (MG) e Hospital Evangélico de Vila Velha (ES). A integração de dados dessas instituições com a plataforma Valor Saúde by DRG Brasil + IA resultou em melhorias significativas, segundo a equipe do projeto.

Na Santa Casa de Belo Horizonte, um hospital 100% SUS, a implantação da metodologia e dos treinamentos começou em 2017 e 2018. Neste ano, o hospital está na etapa de análise de dados de custos e inteligência artificial. O índice de qualidade da informação clínica (IQIC) evoluiu de 41,67% em 2017 para 95,83% em 2024. Houve também uma redução da ineficiência operacional das altas válidas de 4,2% entre 2022 e 2023.

Já o Hospital Evangélico de Vila Velha, que iniciou o projeto DRG em 2017, destacou-se pela implementação de uma política de bonificação médica e pela estruturação de um modelo remuneratório, atingindo uma performance de 92,8%. O processo incluiu a criação de um Comitê de Governança Clínica em Saúde, o desenvolvimento de um modelo variável, a análise de impacto econômico do valor e a implementação de um novo modelo remuneratório, culminando na política de bonificação do corpo clínico.

“A execução de ações voltadas à entrega de valor, fornecendo serviços de saúde que atendam às necessidades dos pacientes e gerem resultados positivos com custos controlados, é uma das principais estratégias para melhorar os resultados financeiros e aumentar a rentabilidade do SUS”, afirmou Mirocles Véras, presidente da CMB.

Fonte: Saúde Business e Saúde Debate