Tecnologias oferecem novas possibilidades e riscos e pedem um novo olhar para os processos da era digital
Ferramentas digitais não estão somente transformando os modos de fazer, mas também modificando os conceitos de tempo e espaço que têm profundo impacto sobre os processos, inclusive do setor de saúde. O aspecto foi debatido na palestra “As novas tecnologias e a gestão de processos”, realizada na quinta-feira, 26, por William Procópio dos Santos, diretor de Inovação e Desenvolvimento da Unimed-PR. A apresentação compôs a sala temática “Efetividade Clínica: Atenção, Qualidade e Eficiência, parte do 10º Seminário Femipa, evento que reuniu representantes de hospitais e instituições humanitárias do Paraná e de todo o Brasil em Curitiba entre os dias 25 e 27 de outubro.
“A nossa visão de mundo, de tempo, está sendo impactada por mudanças tecnológicas e sendo modificadas por elas. Um exemplo é a internet. No início do sistema, se esperava por mais de duas horas para o download de uma imagem, hoje, se demora mais de poucos segundos, o usuário fecha a página e irá embora”, afirmou.
Ele cita como exemplo destas mudanças o projeto da startup curitibana Hi Technologies que está desenvolvendo um equipamento que realiza a coleta de exames de laboratórios diretamente nos consultórios dos médicos, enviando o resultado de uma série de exames diretamente para o celular do médico e dos pacientes em poucos minutos. “Isso significa uma mudança muito grande, sem a necessidade de ir ao laboratório, sem a necessidade de voltar ao consultório. Ainda está em projeto, mas precisamos pensar sobre as possibilidades que a tecnologia tem oferecido. O que antes era obtido em 15 dias, agora é possível em 15 minutos”, explicou ele. Entre as dúvidas apresentadas pelo diretor estavam o controle da quantidade de exames, formas de cobrança, entre outras.
O mapeamento dos processos na área digital também exige uma nova forma de atuar, de acordo com o especialista. Ele explica que os processos precisam ser pensados em diferentes dimensões, abrangendo aspectos como realidade aumentada e considerando o intangível, compreendendo que os processos saem do mundo das instituições, derrubam barreiras de tempo e espaço e podem ser também cognitivos, ou seja, são processos que aprendem durante sua execução. “É preciso ainda levar em conta a dimensão emocional que envolvem esses processos”, acrescenta.
Para ilustrar o desafio, Santos comenta uma dificuldade encontrada no desenvolvimento do aplicativo para o usuário da Unimed. “Desenvolvemos um sistema no qual o usuário fotografa o pedido de exame e solicita automaticamente a liberação. Bem, a grande dificuldade é que um paciente da unidade Londrina, poderia ter um exame solicitado em Curitiba. Só, que ao realizar o envio, o pedido era encaminhado para Londrina, que não tinha esse registro. Foi preciso entender que essa barreira geográfica desapareceu para corrigir essa falha”, explicou.
Outra funcionalidade que está sendo desenvolvida é que os pacientes poderão, a partir do aplicativo, solicitar consulta com vários médicos em determinada especialidade. “O paciente deixa de ligar de consultório em consultório. Ele insere a data desejada para os profissionais de sua preferência e os médicos oferecem as agendas disponíveis e, a partir delas, o usuário escolhe o prestador desejado. Há ainda no aplicativo o monitoramento, com avisos da data da consulta e ainda pesquisas de satisfação do paciente”, afirma.
Outra inovação que está em desenvolvimento é um sistema de predição de riscos e agravamentos de doenças. Com base nas informações das solicitações de liberação de exames o sistema consegue prever possibilidades estatísticas de agravamento de doenças, o que permite que profissionais possam receber um alerta e buscar o paciente para evitar essas complicações que têm grande probabilidade de ocorrer se não houver a intervenção.
“Estamos realizando algo bastante desafiador, mas que para nós é uma questão de sobrevida. Há desafios como a resistência à mudança, como a necessidade de garantia da segurança e sigilo da informação, entre outras”, complementou.
Novas tecnologias e gestão de pessoas
Os riscos para a segurança e sigilo das informações dos pacientes foi o tema tratado pelo advogado André Luiz Bäuml Tesser, da Marinoni Advocacia, que falou sobre “A coordenação de equipes e as novas tecnologias: quais os limites?”, em palestra que fechou os trabalhos da sala temática.
“As tecnologias não são o problema, mas a forma como se utiliza potencializa esses problemas. É preciso conscientizar os profissionais porque condutas inadequadas não afetam só a imagem do profissional e sim da própria instituição”, alertou.
O especialista trouxe também alguns exemplos do Paraná e em outros Estados, nos quais informações sigilosas foram indevidamente divulgadas por profissionais de saúde por meio de aplicativos como WhatsApp e Facebook. Essas condutas levaram à abertura de sindicâncias, demissão de profissionais, acionamento nos Conselhos de fiscalização das categorias, o que afeta a imagem das instituições. Esses casos têm ainda maior repercussão no caso de personalidades públicas.
Outro aspecto que exige atenção e monitoramento das atividades é a divulgação de imagens no ambiente de trabalho, mesmo as que sejam do próprio funcionário, sem autorização da empresa. “É preciso estar atento à divulgação da logomarca da empresa, dos colegas, que muitas vezes não autorizaram a divulgação. Essas condutas inadequadas podem ter muitas consequências, chegando inclusive chegando à esfera criminal”, disse.:
Fonte: Assessoria de Imprensa Femipa – Karla Mendes