Diminuir a pressão dos custos da Saúde Suplementar é essencial para sobreviver à crise. Para tanto, segundo a pesquisadora Natalia Lara, do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS) é preciso avaliar mudanças nos modelos de pagamento, adotar uma política de cuidados para o envelhecimento da população e adotar novas tecnologias que sejam de fato eficazes e eficientes. A pesquisadora abriu a programação científica do XII Congresso Nacional de Operadoras Filantrópicas de Planos de Saúde, na manhã desta quarta-feira (21), abordando a visão macroeconômica deste mercado.
A taxa de desemprego do País ficou em 13,5% no último trimestre, impactando a Saúde Suplementar, especialmente no número de beneficiários, uma vez que mais de 65% dos contratos de planos de saúde são da modalidade coletiva e dependem do crescimento do mercado de trabalho. Segundo os dados do Mapa Assistencial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em maio de 2017, o mercado contabilizou 47,7 milhões de beneficiários, registrando uma queda de 2,2% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A pesquisadora do IESS apontou que apenas o segmento da medicina de grupo cresceu no número de beneficiários e a maior queda foi registrado pelo segmento filantrópico, caindo 8,8% em um ano.
Natalia Lara chamou a atenção ainda para os problemas que a queda do número de beneficiários na Saúde Suplementar não é um problema apenas para a iniciativa privada, mas também para a Saúde pública, já que os usuários que deixaram seus planos voltaram para o atendimento no SUS, inchando o sistema e pressionando os atendimentos, especialmente para as instituições filantrópicas, que respondem, hoje, por mais de 50% dos atendimentos de média e alta complexidade da Saúde.
Os desafios do Setor Suplementar, além da questão econômica, diretamente ligada à situação do País, estão no envelhecimento da população, que registrou, em um ano, um crescimento de 3,2% do número de usuários de planos de saúde acima dos 80 anos. Ela mencionou também que o número de jovens, que “bancam” os custos dos planos, está caindo a cada ano. A preocupação está em como o mercado vai se sustentar dessa forma.
Além disso, ela destacou a necessidade de avaliar a adoção de novas tecnologias, no sentido de que não representem apenas aumento de custo, mas sejam mais eficazes e eficientes do que as tecnologias já existentes.
Já a revisão dos modelos de pagamento podem representar a redução de desperdício e o aumento da qualidade de saúde do paciente, adotando, para isso, indicadores de qualidade que possam ser usados para verificar as falhas e riscos que precisam ser observados. Nessa questão, ela apresentou alguns modelos utilizados em outros países, como o pagamento por performance (P4P), que é mais simples metodologicamente, mas incide sobre o corpo clínico; e o DRG, que trabalha na eficiência do controle de gastos em saúde, mas depende de uma base de dados e indicadores para ser implantado.
Questionada sobre a possibilidade de o governo adotar o DRG no SUS, Natalia Lara disse que o IESS vê essa possibilidade com otimismo, uma vez que, se o sistema público adotar o modelo, facilitará a comunicação e a troca de informações dos planos com o sistema público, além de favorecer os hospitais que atendem ambos sistemas.
Fonte: CMB