A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu dedicar dia 7 de abril, Dia mundial da Saúde deste ano, à depressão. Estima-se que o número total de pessoas vivendo no mundo com depressão aumentou 18,4 % entre 2005 e 2015. De acordo com a OMS, a depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma muito importante para a carga global de doenças. É a terceira principal causa de anos de vida perdidos por doença. No mundo, 322 milhões de pessoas apresentam o quadro. Cerca de 11,5 milhões de brasileiros sofrem de depressão. A queda da produtividade e doenças vinculadas à depressão têm um alto custo global, que a OMS calcula em um trilhão de dólares por ano.
Segundo Dra. Renata Vargens, psiquiatra da Casa de Saúde Saint Roman, muitas vezes o quadro não é adequadamente identificado. “Ainda é comum acreditar que o paciente “está assim porque quer”, “é um folgado”, ou que “precisa arranjar o que fazer para sair dessa”. Falas como essas retardam a busca por ajuda especializada e o correto manejo da situação”, informa.
Todos os sexos, faixas etárias, raças e classes sociais podem ser acometidos pela depressão. Porém, ela é mais comum entre mulheres, pessoas divorciadas/ separadas ou vivendo sozinhas, com baixo nível socioeconômico e escolar, desempregados e morando em zonas urbanas. Jovens, mulheres no pós-parto e adultos com mais de 60 anos são os que mais correm risco de desenvolver o transtorno. Eventos vitais relevantes podem estar presentes, mas não é necessário existir um fator causal identificável ou “ter motivo” para que o diagnóstico seja feito.
A tristeza por si só não caracteriza um quadro de depressão. A tristeza é um sentimento que pode acontecer com qualquer pessoa saudável sem significar doença. A depressão tem caráter mais duradouro (pelo menos duas semanas), compromete a vida do indivíduo, varia pouco ao longo dos dias e está associada a outros sintomas como redução da energia, fatigabilidade, humor deprimido, perda de interesse em atividades antes prazerosas, diminuição da capacidade de concentração, redução da libido, alterações do sono e do apetite, redução da autoestima, pensamentos de culpa e desesperança, po dendo apresentar ideação suicida.
“A depressão pode ser um episódio único, recorrente ou mesmo ser uma fase do transtorno bipolar. De acordo com o número e a gravidade dos sintomas associados, podemos classificar a depressão em leve, moderada ou grave. O comprometimento das atividades da vida diária varia com o grau de depressão. Em situações mais graves, há risco de suicídio”, esclarece.
Dra. Renata informa que o tratamento pode ser psicoterápico para a as formas mais leves, porém para os quadros mais graves há indicação de tratamento medicamentoso associado a abordagens psicoterápicas. ‘Em situações mais graves, por exemplo quando há risco de suicídio ou recusa alimentar, a internação está indicada. A depressão é um quadro tratável e o diagnóstico precoce feito por profissional capacitado pode reduzir o sofrimento do indivíduo e evitar recorrências” informa.
É importante que pessoas com sintomas característicos da depressão procurem ajuda para avaliação e adequada indicação de tratamento. Trata-se de uma doença grave que pode comprometer a vida social, profissional e emocional do indivíduo.
Segundo ela, o apoio da família é fundamental. “A compreensão de que se trata de uma doença auxilia na recuperação. Sem esse apoio a depressão tende a piorar. Todos estão sujeitos a ter um quadro de depressão, considerada por alguns como o mal do século. Por isso, deve ficar atento aos sintomas, pois muitos sofrem sem saber que estão doentes”, conclui.
Fonte: Jornal do Brasil