Representantes de 27 das principais empresas e associações privadas do setor de Saúde, que integram o Instituto Coalizão, divulgaram estudo que propõe ações para tornar mais sustentável e eficiente o sistema de saúde brasileiro.
Fundado em 2015 e presidido pelo oftalmologista Claudio Lottenberg, ex-Albert Einstein atual presidente da Amil, o instituto reúne, entre outros, a CMB, o grupo Fleury, Hospital Sírio Libanês, Einstein, Johnson&Johnson, FenaSaúde, Unimed e Faculdade de Medicina da USP. “Nosso objetivo é fazer um diagnóstico da saúde que possa ultrapassar a beira do leito dos hospitais”, diz Lottenberg.
O estudo, realizado pela McKinsey & Company, estima que os gastos com saúde no Brasil podeerão atingir entre 20% a 25% do PIB em 2030, tornando-se insustentáveis “se nenhuma providência for tomada”. Atualmente, esse gasto representa 9% do PIB, patamar próximo à média da OCDE. O relatório “Coalizão Saúde Brasil – Uma Agenda para Transformar o Sistema de Saúde” estabelece mudanças que o grupo considera prioritárias e reúne números que apontam algumas inconsistências.
O estudo estima que até 2030 a população brasileira acima de 60 anos deverá triplicar, equiparando a pirâmide etária do Brasil e a do Japão atual, mas com o PIB per capita muito menor. “Além disso, cerca de apenas 10% dos idosos terão condições de contar com a cobertura de plano de saúde privado”, diz o relatório.
O estudo cita levantamento do IPEA que diz que, em 2009, o Brasil estava com 9 leitos em instituições de longa permanência para idosos a cada mil habitantes, comparado com aproximadamente 55 leitos do Reino Unido e no Canadá. “Temos um terço do total de idosos como percentual da população em relaçao ao Japão, e um décimo dos médicos geriatras”, afirma o levantamento.
De acordo com o estudo, 31% das insternações no Brasil poderiam ser evitadas com a expansão do atendimento preventivo em saúde básica. além disso, 67% do orçamento total da saúde no Brasil é gasto em casos de alta e média complexidade, em quanto a média dos países da OCDE é de 55%.
Os médicos brasileiros, de acordo com o estudo, dão pouca preferência à saúde básica, preferindo especializações. O Brasil só tem 0,1 médico de família a cada mil habitantes, dez vezes menos que a média da OCDE (um a cada mil).
“O setor privado está defasado em relação ao setor público no uso da atenção primária como porta de entrada, pois a vasta maioria dos médicos de família atua no setor público”, destaca o relatório, que acrescenta que, internacionalmente, o setor privado tem atuado cada vez mais na saúde básica.
Um exemplo são os EUA, que têm estimulado a formação de médicos nesta especialidade, “oferecendo incentivos financeiros para empresas privadas que atendam o paciente, não apenas no momento da internação hospitalar, mas em toda a sua vida”.
Fonte: Valor Econômico